Sinta-se a pena

Camila Rodrigues
Fui sim uma boba alegre, nada sutil. Precisava externalizar tudo o que sentia por você e o texto que você ignorou mudou completamente o rumo do que eu sentia. Tornou-me quem sou agora. Não fria, nem amarga. Tornou-me livre. E leve. Era o peso que eu precisava me livrar para finalmente voar.
Deleito-me em cada palavra sincera e boba dita naquele texto que lhe enviei.
Ah, se você soubesse o bem que me faz, só sua existência e sua presença. Cada suspiro que dou quando te vejo. Se soubesse de todas as vezes que ensaiei para falar com você e não consegui. E de todas as vezes que te vejo e penso no quão você é a pessoa mais linda do mundo e, que mesmo sem nunca ter te conhecido realmente, você faz muita diferença na minha vida. Queria que você soubesse a felicidade que me trás, mesmo a distância, mesmo na surdina, como eu ouso sentir e não chegar em você. Queria que você soubesse e que eu pudesse lhe transmitir esse sentimento.
Como pessoalmente parece impossível, que minhas palavras lhe alcancem e façam você se sentir bem pelo bem que me faz sentir.
Estou sim perdida nesse amor platônico, e quero que você saiba que o quer que faça da vida, tem alguém aqui, em silêncio, te admirando e desejando que você seja feliz e que sinta o que sinto por você por alguém ou mesmo pelos seus sonhos – afinal, não precisamos de alguém para ser feliz, precisamos de nós mesmos, não é mesmo?
E que se algum dia, ao transitar por algum lugar comum, perceber alguém suspirando de amores, provavelmente serei eu.
Encontro-me em cada uma. Sou cada palavra escrita. E cada palavra é uma pena, na constituição de minhas asas. Você foi o vento, o frio na barriga e o empurrãozinho que eu precisava para alçar voo. Você foi a coragem para o pulo. Você foi e não é mais. Nem será. Mesmo que minhas palavras o encontrem. Mesmo que me admire a voar. E que se sinta parte disso.
Não é o vento que faz um bom pássaro. É a coragem em voar e suas estratégias diante de ventos desfavoráveis. E de falta de recursos. O vento é o que as aves têm de enfrentar, pois foi para voar que elas foram feitas. Não para ficarem no ninho e se ocultar do mundo lá fora.
Caso se machuquem, há a oportunidade de recuperarem-se e voltar a alçar voo. Porque, ao se machucar, elas se fortalecem. E tornam-se mais experientes para os próximos voos. Para as próximas adversidades.
Você me ensinou que o amor não quer nada em troca. Ele nem sempre é para ser vivido, mas sentido. E que uma queda, pode não ser o fim, mas sim um voo. Me ensinou sem precisar dizer uma palavra. Sem um gesto. Nem um obrigada. Me ensinou com a sua existência, mas o que aprendi mesmo, foi com o que eu sentia por você. O que aprendi, foi comigo, não com você. Você foi o sopro. O empurrão.
Você poderia ter sido uma pena, mas escolheu ser o sopro. Ao me ver voar, sinta-se viva. E siga em frente. Há muita terra ainda pela frente. Desejo-lhe a melhor caminhada possível. E as melhores experiências.
Texto escrito por Camila Rodrigues